sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CELEBRIDADE: RESTOS MORTAIS

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Quando abri esta página fiz constar, ali do lado esquerdo, o link do Observatório da Imprensa, que freqüento sempre que possível, exceto nas quintas-feiras: nestas, visito-o religiosamente, com a devoção de um monge beneditino embora com objetivos puramente profanos.

É um site sério, ilustrado por jornalistas idem, sob a editoria-responsável (nos dois sentidos) de Alberto Dines, e aborda a imprensa, seus acertos e as crises orbitantes. Geralmente é uma crítica da crítica. Muito apropriado o slogan: “Você nunca mais vai ler jornal no mesmo jeito”.

Na edição de hoje há, entre outros, um artigo daqueles que se lê e se sente frustrado por não ser o autor. A mim faltaria, além do talento, conhecimento de causa para chegar às conclusões de Nelson Hoineff em “Teledramaturgia e o legado de Lineu”. Caras, por exemplo, só folheio quando estou adoentado. Essa revista parece que se tornou obrigatória nas ante-salas dos consultórios médicos. Fama, nunca experimentei, em nenhum sentido.

Minto. Já vivi meus trinta segundos de fama em 1986 quando descobriram uma sentença que proferira em 1984, em Espumoso. “A sentença do beijo”, publicada em alguns sites jurídicos na Internet como uma peça “curiosa”, foi referida por Eliakim Araújo no Jornal Hoje, da Globo, de madrugada. Quase ninguém assistiu. Foi muito restrita e noturna a minha fama. Mesmo assim, no dia seguinte saí preparado para ouvir comentários e cumprimentos, pelo menos dos amigos e colegas. Afinal, eu tinha saído na Globo. Ninguém disse nada. Senti-me tão desolado!

O artigo de Nelson Hoineff serviu para certificar-me de que foi mesmo Nelson Rodrigues quem disse que estamos sendo governados por idiotas (há muito tempo), e que citei em “O feitiço contra o feiticeiro” (A Notícia, de Joinville, 09/07/2003), transcrito aqui em 16/06/2004. Na época tive receio de ser traído pela memória e não encontrei, em pesquisa rápida, uma confirmação. Confiei nos meus instintos e estava certo pois, segundo Hoineff:

“Nelson Rodrigues (...) disse que os idiotas, quando se deram conta de que eram maioria, saíram da obscuridade e tomaram imediatamente todos os postos do poder”.

Mas, principalmente, aliviou-me. Não me sinto mais só com a minha visão nem sempre aceita da realidade. Afasto, pelo menos em parte, a tenebrosa suspeita de uma talvez incipiente insanidade.

O artigo enfoca, no início, a novela Celebridade, e deriva depois para uma abordagem mais ampla, realista e mordaz, sobre outros aspectos da relação sociedade-mídia. É importante e elucidativo e deve ser lido por todos aqueles que sabem ler e entender. Indistintamente.




Publicado em blog do mesmo nome, do autor, no Uol,
em 02/07/2004.
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Um comentário:

  1. Pitacos transpostos do post original:

    [Tell] [http://www.tagarela.blogger.zip.net]
    Ilton, concordo com o Glauco, você sempre foi um escritor!!! Tomei a liberdade de passar a sua sentença para um pequeno grupo de amigos (com os devidos créditos), mas por favor não me processe! rsrs Abraços!

    02/07/2004 18:07

    RESPOSTA:
    Taga
    Não vou processá-la. Vou apená-la direto, com UM BEIJO.

    [Glauco Damas] [glauco@uol.com.br] [http://portugueshoje.blog.uol.com.br]
    Li a sentença. Você SEMPRE foi um escritor! Quando se deu conta disso? :-)

    01/07/2004 23:56

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