sexta-feira, 10 de setembro de 2010

BOA SEMANA

Postado originalmente em 05/09/2005

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O deputado Delfim Netto está abandonando o PP para ingressar no PMDB. Diz-se que está irritado pelo envolvimento de membros de seu partido no esquema mensalão. Ou porque não conseguiu a presidência do partido, que lhe foi prometida. Creio mais na segunda hipótese. Não é demais lembrar que ele, que foi Ministro no tempo da Ditadura, foi também embaixador do Brasil em Paris. A embaixada do Brasil na França era sugestivamente conhecida como “Embaixada 10%”. Os mais velhos se lembrarão. Principalmente os que liam O Pasquim. Hoje ele é considerado uma reserva moral do Parlamento brasileiro.

O Zero Hora de sexta-feira, 02, na página 13, destaca que gaúchos – e certamente os brasileiros – reclamam que e-mails enviados a deputados federais estão retornando ou por ação virótica (nunca vi ninguém usar expressão aplicada à informática) ou porque as caixas postais deles estão lotadas. Vazando pelo ladrão, diria eu. Pela minha experiência anterior acho que bem poucos deles lêem e-mails. A maioria deve ser deletada pela primeira secretária que chega ao serviço e consegue uma cadeira para sentar na frente de um dos computadores.

O mesmo jornal noticia que o Delegado da Polícia Federal Antonio Carlos Rayol, do blog Vox Libre, que prendeu Duda Mendonça em flagrante numa rinha de galos em outubro de 2004, foi indiciado com base na Lei 4.878, acusadoBIRD618 prejudicar a imagem da PF “com críticas a decisões da superintendência regional”. Dizer que isto não surpreende é cair no lugar comum. Então, caro Delegado, não se preocupe. Há certos indiciamentos – e este é um deles – que cumprem um justiçoso desígnio: ao invés de injuriar, honram e dignificam. Não há motivo para que o senhor se sinta constrangido. Ao contrário, pode se sentir orgulhoso. Eles não sabem que cuspir para cima é contraproducente.

Todo mundo critica o aumento dos servidores da Câmara Federal. Nunca me incomodei com o salário dos outros e seus aumentos. Aprendi isto com um juiz que atuou em Taió quando eu trabalhava no Fórum, doutor Wilson Eder Graf, que depois foi desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Ele dizia: “não me importa que os outros ganhem mais do que eu e que ganhem bem. Quanto mais aqueles que me rodeiam ganham, mais eu automaticamente vou ganhar também”. É verdade. E agora, quando o IBGE classifica de rico quem, no Brasil, percebe acima de R$ 3.100,00, é que se entende porque a população se revolta contra esses aumentos.

Afinal, o que o Governo pretende? Claro, que a indústria produza e que comerciantes vendam para que a economia cresça. Mas para haver consumo é preciso haver salários condizentes. Estabelecer R$ 3.100,00 como parâmetro de riqueza é um absurdo inominável. Em países desenvolvidos esse valor é salário-mínimo. Então, ao invés de reclamar dos altos salários dos outros vamos reclamar desses critérios estúpidos e dos baixos salários.  E reivindicar aumento dos salários gerais no país e estabelecer uma diminuição do intervalo entre o mínimo e o máximo. Vamos nivelar por cima, não por baixo. Esse o sentido verdadeiro da luta. Senão, seremos sempre pobres porque queremos isto.

Ontem, num programa local, ouvi uma colocação interessante. Se o Palocci afirma que juros altos são bons para a economia brasileira, por que nas últimas reuniões do COPOM ele vem sendo mantido em 19,75%? Não seria conveniente elevá-lo mais – por exemplo, a 49,75% – para melhorar ainda mais nossa Economia?

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