quarta-feira, 8 de setembro de 2010

É PROIBIDO PROIBIR

Publicada em 01/09/2008

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Lembram de Caetano, Cae para os íntimos, amigo de Gal, Gil e irmão de Bethânia? Claro que lembram. Foi entrevistado pelo Jô na madrugada de 29/08/2008. Ele está ainda na ordem do dia e é um dos mais coerentes e estáveis representantes da MPB e do que resta do  Tropicalismo. Deixou de macaquices, ao contrário de Gil que continua macaqueando tanto nos shows quacaetropnto, até há pouco, no Ministério que ocupava.

Mas estou falando mesmo é daquele Caetano do tempo da televisão em preto e branco, de imagens ruins e desfocadas, dando uma bronca no público que o vaiava fragorosamente enquanto ele cantava – ou tentava cantar – É Proibido Proibir no III Festival Internacional da Canção de 1968, da Rede Globo.

Deu uma lição de moral nos jovens da época que deve estar ecoando ainda hoje nos ouvidos de muitos. Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder?

Era isso mesmo... Tenho sérios motivos para acreditar, piamente, que era isso mesmo, que muitos daqueles que o vaiaram naquele festival ocupam hoje cargos importantes e desimportantes no Governo, em todos os escalões.

Aqueles que vaiaram o é proibido proibir eram a favor da proibição. Senão não vaiariam. E agora estão proibindo tudo. Agora, todas as leis desse Governo buscam vedar alguma conduta. Não respeitam mais o arbítrio. Eles estão tornando a nossa vida muito chata, extremamente chata. Daqui uns dias você, que é fumante, será proibido de fumar um cigarrinho dentro de sua própria casa... De tomar um traguinho, mesmo que não vá dirigir depois. Estão nos levando para a derrocada e sadicamente exigem que caminhemos sorrindo. Eles pensam que só eles sabem o que é melhor para nós e por isto nos vedam pequenos prazeres, estão montando uma enorme Ditadura democrática aos poucos e só pararão quando conseguirem seus objetivos.

Volte, Caetano. Vamos inventar um festival por aí. Ou vamos a Brasília defronte ao Congresso e defronte o Palácio do Planalto. Vamos armar um circo melhor que o deles. Vamos amplificar sua voz e seu som. Montaremos um palco para que você cante, de novo, É Proibido Proibir. Nem que seja apenas o refrão. É mais do que suficiente.

Claro, eles não suportarão. Eles o vaiarão estrepitosamente. Não faz mal, Caetano. Não se avexe. Será sua segunda grande vaia. Uma vaia magistral, governamental, federal. E você poderá entrar para a história de nossa Música e de nossa Política como o cantor que foi duas vezes vaiado com muita honra.

Às vezes, como no seu caso, ser vaiado enaltece. O aplauso é que seria deletério e incompreensível.

Volte, Caetano, a cantar É Proibido Proibir. Mesmo que, naquela vez, sua motivação fosse outra, os tempos eram outros, sua posição era contra a Ditadura Militar, a mensagem é completamente aproveitável agora.

Absolutamente aproveitável! Nem que seja só o refrão...

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