quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fidel Castro está lúcido

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Fidel Castro disse a um jornalista americano, Jeffrey Goldberg, articulista da revista Atlantic Monthly, que o modelo econômico de Cuba não funciona mais (veja a reportagem aqui).

É bom avisar o Lula. Como ele não lê jornais e seus assessores, cientes de seus pontapés no vento quando se agasta, só procuram levar-lhe boas notícias, talvez chegue ao final do mandato sem tomar conhecimento desse lampejo de lucidez senil de seu comandante e guru do Caribe.

Em todos os casos, isto pode não ser verdade. Afinal, o jornalista é americano e sabe como é: os americanos, extremamente preocupados com a força e o poderio cubano, capaz de desbancá-los da ordem mundial vigente, fazem de tudo para desacreditar a doutrina castrista que consegue influenciar estadistas de escol no cenário político mundial como Hugo Chavez, Evo Morales, Rafael Correa e o próprio Lula.

CUBA Não sou petista mas, utilizando o método petista de interpretar fatos e verdades, negaria o encontro numa primeira oportunidade. Se o mesmo fosse provado diria que tudo não passa de um espetacular jogo de cena do cubano: daqui a pouco Fidel vai desmentir o jornalista, mesmo que tenha dito essa verdade, alegando que é mais um ato do imperialismo do tio Sam e que suas palavras foram mal interpretadas. Ele quis dizer que o estilo americano é que não serve para Cuba.

Na mesma entrevista, Fidel criticou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por fazer comentários antissemitas e negar a existência do Holocausto.

É bom avisar o Lula disso também. Ele, adepto da diplomacia de guri pequeno galhardamente abraçada pelo Itamaraty, se aproximou do democrata ditador iraniano e o tem em grande estima. E não enxerga coisas que, para o bem do Brasil, seria melhor que enxergasse agora e não apenas mais tarde, num lampejo de lucidez senil.

Fidel foi ainda mais longe: criticou suas próprias ações durante a chamada Crise dos Mísseis, em 1962, quando ele aceitou a instalação de ogivas nucleares soviéticas na ilha e tentou convencer Moscou a atacar os EUA.

É bom avisar o Lula disso também. Aliás, talvez seja o tópico mais importante da entrevista a lhe ser informado. Talvez ele repense seus atos, aceite alguns defeitos e imperfeições de sua própria pessoa e de sua administração – que ele considera perfeitas – e, então, com a humildade não propalada dos humildes de coração reconheça pelo menos algumas das cagadas que fez.

Afinal, não é preciso ficar velho e caquético para ser lúcido, mesmo na vida de quem é senil desde a adolescência ou até desde antes dela.

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