domingo, 19 de setembro de 2010

Temos mais que exportar, além do biocombustível

Publicado em 10/09/2007
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Lula, nosso grande estradista, está mais uma vez no Exterior vendendo biocombustível. Dizem que nas altas rodas governamentais das nações do mundo quando ele se aproxima um cochicha com o outro: Vou sair de mansinho porque lá vem aquele chato do biocombustível de novo!

Ele já vendeu seu produto para as grandes repúblicas do Caribe cuja frota automobilística chatolulé invejável. Certamente o Brasil exportará muito etanol para esses países, exceto para a Nicarágua, já que Daniel Ortega não foi muito receptivo à oferta e ainda, de mansinho, tirou um sarro do nosso caixeiro viajante.

Ainda não tentou Cuba porque os veículos de lá são tão ultrapassados que não há como adaptar seus motores ao novo combustível, ainda que em Cuba estejam os melhores mecânicos do Mundo. Para manter aquela frota, tem que ser mesmo um excelente mecânico.

Mas impressionam as últimas declarações de nosso estradista em Helsinque. Temo um confronto em larga escala. Acho que os Estados Unidos atacarão o Brasil. O Ministério da Defesa dos EUA está em polvorosa, em reunião secreta há quatro horas. Bush adquiriu várias caixas de laxantes, caso contrário sua preocupação vai impedi-lo de ir aos pés (um eufemismo de cagar) até essa crise passar.

Lula comprou uma briga feia: responsabilizou os EUA pela atual crise nos mercados e disse que o governo americano deveria "assumir as dificuldades" (aqui).

Sua sabedoria fê-lo porque qui-lo dizer: "Quem criou a lei de financiamento foi o governo americano, portanto quem vendeu as facilidades assuma as dificuldades".

Acho que ele está certo. Mas deveria começar a aplicar o princípio dentro de sua própria casa, o PT. Não foi dentro do PT que nasceu o mensalão, ao menos na sua moderna concepção? O STF acaba de dizer que sim. Pois então os que fundaram o PT deveriam ser punidos, pois quem criou as facilidades que assuma as dificuldades...

Estou desviando do assunto. Quero falar mesmo sobre o finado SFH, de saudosa memória. Foi um sistema baseado no financiamento a baixo custo de moradias para os brasileiros através do Banco Nacional da Habitação — BNH, que geria os recursos do sistema.

A lei até que foi bem feita. Mas o “milagre brasileiro”, quando descambou, levou consigo a capacidade financeira de muitas famílias. Muitos perderam suas casas. Outros, mais espertos, procuraram o Judiciário que, sempre pronto a interpretar a lei em favor dos mais fracos, modificou substancialmente a forma de cálculo das prestações. Após alguns anos havia muita gente — inclusive juízes (conheci um) — que pagava o equivalente, vamos dizer, a cinco reais de prestação. Dizia-se, até, que o boleto bancário era mais caro que a prestação.

Não foi só isso. Muitos espertos, contrariando a lei, construíam mais de uma casa. Assinavam uma declaração falsa de que não eram proprietários de nenhuma outra e obtinham financiamento. Há muita casa de veraneio, por este Brasil afora, construída com recursos originalmente destinados a casas de moradia. Julguei uma ação em que anulei o contrato de seguro celebrado em que a seguradora foi obrigada a quitar três imóveis pela morte de um único financiado... Claro, o Tribunal de Justiça alterou a decisão dando ganho de causa aos herdeiros do esperto que, em termos, praticara o crime de falsidade ideológica.

Talvez Lula devesse, ao invés de biocombustível, exportar essa maneira bem brasileira de resolver as coisas. O BNH foi pras cucuias, o sistema financeiro da habitação amargou enormes prejuízos e os contribuintes — quem mais poderia ser? — pagaram o pato.

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