segunda-feira, 30 de maio de 2011

VIA EMBRATEL PARA DE TRANSMITIR FILM&ARTS

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Os brasileiros não dão muito valor à arte dos grandes compositores, dos grandes escritores, dos grandes pintores e dos grandes cineastas. Não há um canal da tevê aberta que dedique alguma programação a manifestações culturais tão elevadas. Somente a TV Cultura, assim mesmo muito esporadicamente, investe nesse segmento.
Até 2007 a DirecTV transmitia o canal Film&Arts, que dedica grande parte de sua programação às Belas Artes: história da arte, especialmente enfocando as artes plásticas e os grandes pintores, transmissão de concertos e óperas, filmes diferenciados, entrevistas com ícones da cinematografia e outros programas. Com a fusão com a Sky, num flagrante desrespeito aos assinantes, o canal foi extirpado da grade desta, apesar da promessa de que seriam mantidos todos os canais.
Na época movi uma ação contra a Sky para que esta cumprisse a promessa, inexitosamente: perdi a ação. A sentença pode ser lida aqui.
A Via Embratel, concorrente da Sky, transmite o canal e isto me motivou a adquirir a assinatura da programação básica mais a Multicultural, exatamente para poder assistir ao Film&Arts.
Entretanto, há alguns dias recebi a mensagem acima: a partir do dia 05 de junho a Via Embratel não mais transmitirá o Film&Arts, sem qualquer justificativa aos assinantes.
Mais uma vez, portanto, demonstra-se o desamor às artes. Permanecem os enlatados americanos, os canais religiosos, os de futilidade, os esportivos, os de venda, e pouquíssima coisa mais. Com isto a Via Embratel perde e se rebaixa à mesmice das demais retransmissoras.
Gostaria de iniciar uma campanha de remessa de e-mails à Via Embratel, pedindo a manutenção do Film&Arts, ainda que ciente de que este pedido talvez não encontrasse a receptividade das grandes causas. Mas não tenho como.
A empresa, espertamente (como fazem muitas outras) bloqueia e-mails e a remessa só é possível mediante cadastro em seu site, o que é uma encheção de saco formalizada exatamente para que ela se ponha a salvo de críticas e pedidos como este. Gostaria de encabeçar um movimento positivo em favor da arte pura, que tanta falta neste país, sem prejuízo da cultura popular que continuará privilegiada nas transmissões dos canais abertos, a cabo e via satélite. Mas não disponho de meios para isto.
Enviei e-mail à transmissora pedindo a manutenção do canal. Naturalmente, não serei bem sucedido e só me restará o cancelamento da assinatura. Meu modo quixotesco de protestar.
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terça-feira, 24 de maio de 2011

O ESTADO E A JUSTIÇA MOROSA

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O que impulsiona a atuação do Judiciário é o ato anterior de quem faz emergir no mundo jurídico a necessidade de alguém se valer de uma ação judicial para haver seus direitos. Até aí tudo bem. A convivência humana é marcada por desacertos e há mesmo necessidade de um órgão que resolva as pendengas emergentes.

Mas é difícil aceitar que o Estado, criado exatamente para promover a segurança dos cidadãos, em sentido lato, e que por isto deveria assegurar o bem estar comum integral, seja aquele que mais o fere e o que mais contribui para o surgimento de ações judiciais e, via de consequência, o maior responsável pela morosidade da Justiça.  

Levantamento oriundo no CNJ dá conta de que o Estado (União, Estados-Membros e Municípios) são partes em 51% das ações que tramitam nos foros brasileiros. Ou seja, mais da metade. Na Justiça Federal o percentual chega a 79%. Na Justiça do Trabalho a espantosos 34% (o Estado, além de mau gestor, não cumpre nem suas obrigações trabalhistas) e na Justiça Estadual 31%.

São números inquietantes. Em nenhum país sério do mundo pode se admitir que o Estado seja tão descaradamente descumpridor de obrigações básicas e, por isto mesmo, insuflador da movimentação judiciária a níveis insuportáveis.

Hoje, é difícil imaginar alguém que não tenha algo a reclamar do Estado. FGTS, remuneração das poupanças, direitos adquiridos e não pagos por empresas públicas, má interpretação de leis trabalhistas – sobre tudo isto existem milhares de ações atulhando os escaninhos do Judiciário.

Se o Estado fosse mais justo e alcançasse aos cidadãos seus direitos, se cumprisse suas obrigações básicas, não elaborando planos e pacotes mirabolantes que afrontam os direitos do cidadão, não haveria tantas ações. O Judiciário teria mais fôlego para atender à demanda que emerge normalmente do convívio social, e que é não pequena.

O Judiciário é um poder de exceção. Só lhe cabe solucionar litígios. Não é dotado de um mecanismo eficaz que possa evitar que eles surjam. Mas passou a ser a regra porque o Estado, por seus ladinos governantes, percebeu que é mais cômodo deixar de atender aos reclamos do cidadão para que este busque a Justiça. E se sente satisfeito porque esta não resolve problemas com a presteza desejável.

Cada ação ajuizada contra o Estado reflete uma negativa de direito ou de direitos. Você que tem um processo que está demorando, lembre que antes de ajuizá-lo alguém feriu seus direitos e esse alguém não foi o Judiciário. Muito provavelmente foi o Estado.

Diante desse quadro, é difícil acreditar que o Estado brasileiro tenha interesse sério e efetivo em resolver o problema da morosidade da Justiça. Afinal, ele é o maior beneficiário dessa morosidade.

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sexta-feira, 13 de maio de 2011

LULA, O PALESTRANTE

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Nunca entendi como algum órgão ou empresa pudesse pagar duzentos mil reais por uma palestra de Lula, embora aceite que cada um jogue fora seu dinheiro do que jeito que quiser.
Lula nunca leu um livro – e se vangloriava disto –, não tem formação superior e não detém conhecimento científico sobre assunto nenhum. Demonstrou-o cabalmente nos oito anos em que abusou de nossa paciência em discursos sobre estrados especialmente preparados – sempre foi um grande estradista –, nos quais geralmente abandonava o script e partia para os seus impagáveis improvisos.
Até agora supunha que essas palestras fossem uma espécie de ensaio para seus objetivos declinados em discurso de 15/10/2010, em Ananindeua, no Pará. As gafes provocaram muitos risos na platéia e nos companheiros de palco e ele anunciou que poderia tentar a carreira de apresentador quando terminasse seu mandato. “Se Silvio Santos permitir”. Leia, se quiser, aqui.
Se é isto, está no caminho certo. Em termos de bufonaria ele está a anos-luz de Faustão, Gugu, Silvio Santos e dos apresentadores do Pânico na TV. Só que para ser apresentador de TV é preciso trabalhar duro e isto talvez atrapalhe seus planos.
Dia 12 li que ele faria uma “palestra secreta”(?) a executivos da AmBev no resort Costa do Sauípe, no litoral da Bahia (mas como: a fabricantes de cerveja?). De acordo com a notícia, que pode ser acessada aqui, “a multinacional o contratou para animar uma reunião de executivos brasileiros e de outros países da América Latina”.
Então começo a entender. Ele não foi contratado para transmitir conhecimentos baseados na experiência adquirida nos longos anos de sua vida sindical, mesmo no governo. Ele foi contratado para “animar” a reunião, isto é, para divertir os convidados exercitando sua bufonaria em grande estilo, como nos improvisos presidenciais. Até a claque está garantida.
Mas continuo a não entender o alto preço pago. É muito, mesmo para alguém qualificado como ele. Tiririca certamente cobraria menos.
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