quinta-feira, 25 de agosto de 2022

AH! SE BOLSONARO FOSSE SÉRIO


Pra quem viu Bolsonaro no Jornal Nacional, no que parece ser a notícia mais importante do século (falam e maldizem a Globo, afirmaram que Bolsonaro ia acabar com ela negando-lhe nova concessão, mas ela está aí, forte e influente e apta a assumir consequências caso Bolsonaro não seja reeleito; parece que a Globo fica e Bolsonaro vai).

Mas, como dizia, pra quem viu Bolsonaro no Jornal Nacional, mais enrolado do que rolo de arame farpado, pôde pensar (eu pensei): que bom seria para ele se não tivesse dito tanta besteira durante a governança. Os repórteres se apegaram a picuinhas, a grãos de neve que transformaram em avalanches, para questioná-lo e colocá-lo contra a parede. Assim, ele imitando um doente com falta de ar, independentemente do contexto em que tenha ocorrido, tomou a compleição de um homicídio, para a lei penal, e de um sacrilégio, para a lei canônica. Um peido transformado em uma grande tempestade de merda...

Por que ele não se comportou condignamente, honrando a seriedade do cargo de Presidente? Por que rebater com ironia tosca e pouco caso certas questões que lhe foram expostas se isto não adianta e nunca adiantou nada? Por que desceu de nível e se juntou à escumalha radical que o apoia, agindo apenas para agradá-la e dizendo apenas o que ela queria ouvir? Ele foi cultivando impropérios e expondo leviandades e agora não adianta chorar. Faz parte do jogo.

Lula sempre falou besteiras, mas suas besteiras, perto das de Bolsonaro, eram frívolas e inconsequentes. Besteiras sem sentido, idiotas mesmo. E nenhum jornalista, da época, se dispôs a amplificá-las.

E a nós, brasileiros, só resta lamentar a difícil escolha de outubro/novembro: votar no parlapatão padrão (Bolsonaro) ou no parlapatão ladrão (Luiz Inácio).  

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

A URNA DOS INSOLENTES


Uma vez disseram que o homem descende do macaco e que não foi feito à imagem e semelhança de Deus. Adão e Eva só existiram para fins de facilitar o entrecho histórico. O dogma da criação foi enfrentado e vencido, até prova em contrário, mas ainda hoje se discute a respeito.

Depois disseram que o Sol gira em torno da Terra. Sábios foram punidos por provarem o contrário. Os inquisidores quiseram impor o dogma da teoria geocêntrica mas foram vencidos pela verdade, que não faz concessões. Cientificamente ficou provado: a Terra é que gira em torno do Sol. Mesmo contra a vontade de tribunais e de juízes perseguidores.

Também afirmaram que o homem tinha domínio consciente sobre os seus atos e sobre sua mente. Freud apareceu e nos deu um soco no estômago dizendo que não era bem assim, que o subconsciente comanda grande parte de nossos atos e direciona nossa vida.

Para que essas coisas fossem esclarecidas muitas provas e contraprovas foram necessárias, mas sempre houve o estudo aberto e as discussões se sucederam no rumo do estabelecimento da verdade real. A ciência sempre admitiu discussões e provas contrárias às verdades estabelecidas. Mesmo sob o tacão autoritário. Este é o rumo eficiente das coisas.

A Bíblia deixou de ser o repositório inexpugnável e acima de qualquer suspeita da história da humanidade. Permitiu-se demonstrar que o homem é fruto de uma evolução natural e nada catastrófica. Também ficou definitivamente claro que a Terra gira em torno do Sol e que nosso inconsciente e subconsciente exercem influência em nossas vidas.

Agora dizem que as eleições brasileiras deste ano serão puras e transparentes, mesmo que não possamos verificar cientificamente o destino de cada voto inserido numa urna eletrônica, que juram inexpugnável e indevassável. Dão à urna qualidades que nenhum outro aparelho eletrônico teve até hoje no mundo. Ela é o que de mais perfeito já se produziu porque é exatamente imune a erros, defeitos ou falhas que alterem o direcionamento dos votos. É o único aparelho de todos os tempos que congrega todas essas qualidades de perfeição, mesmo que tenham sido humanos os seres que lhe produziram o corpo e a alma. Somos obrigados a aceitar isto sem que nos deem o direito de provar o contrário.

O homem é criação de um único ser, o Sol gira em torno da Terra e apenas o consciente controla nosso comportamento. Não podemos provar o contrário. A decisão é de cientistas do tamanho de Gilmar Mendes, Luiz Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luiz Fux e outros da mesma categoria rasteira e insolente.