quinta-feira, 24 de setembro de 2020

MEA-CULPA DOS OUTROS!


 

Há uma conspiração mundial que quer me inculcar terríveis sentimentos de culpa. Se soubesse, teria dado meia volta quando era um veloz espermatozoide, sem problemas de fibrilação nem de coluna, e desistido de fecundar o óvulo de minha mãe naquela única corrida que venci na vida. Talvez tivesse nascido um outro eu mais calmo e não vocacionado a suportar complexos de culpa.

O Arnaldo Jabor, certa vez, falando de um crime que vitimou um menino, apontou o dedo para a minha cara e disse que eu era culpado. Não apenas eu, claro, mas todos os que assistiam ao Jornal da Globo naquela noite.

A Greta grita sem garbo que sou responsável pelo afano de sua infância e pelo efeito estufa e sempre aparece algum “especialista” conclamando a que eu faça a minha parte: tomar banhos curtos, fazer xixi durante o banho para economizar água da descarga, evitar o carro, não usar ar condicionado, respirar suavemente, pois o gás carbônico prejudica a camada de ozônio, e só peidar com prudência.

A gente luta a vida inteira para chegar à velhice e gozar de alguns luxinhos ausentes antes e especialistas travestidos de formadores de opinião nos transformam em réus.

Vão tomar nas culpas! Não participei de lucros de empresas poluidoras, não exerci ações nocivas à vida na Terra, nunca tive mira para matar um mísero passarinho na infância (só arranquei penas!), não provoquei essa pandemia nem seus efeitos e querem me responsabilizar pelo caos que outros causaram.

Deixem-me em paz. Dessa socialização estou fora. Não sou politicamente correto nem quero servir de exemplo para ninguém. Nem de bom nem de mau.

sábado, 19 de setembro de 2020

HOJE É O FERIADO MAIS CULTUADO DO RIO GRANDE DO SUL

Hoje é feriado no Rio Grande do Sul. Em 20 de setembro de 1835 os farrapos sitiaram Porto Alegre.

A Revolução Farroupilha, iniciada em março daquele ano e encabeçada pela elite riograndense, foi um movimento contra decisões da Coroa que onerou tributariamente produtos gaúchos (principalmente charque e couro) e facilitou o ingresso de produtos semelhantes do Uruguai e da Argentina, criando uma situação iníqua e economicamente prejudicial à província.

Há quem veja inspiração ideológica da Revolução Francesa, pois os insurretos pregavam a queda da Monarquia (o seu auge foi a proclamação da República Juliana, em Laguna, Santa Catarina). Seu lema era Liberdade, Igualdade e Humanidade.

No campo de batalha os farroupilhas foram vencidos. Por isto há gaúchos (sou catarinense) que desqualificam as comemorações: não se festeja uma guerra perdida.

Em 281 a.C. Pirro, Rei de Epiro, cruzou o Mar Jônio (hoje Adriático) com um exército de 28 mil homens (infantaria e cavalaria) e 20 elefantes para conquistar Roma. Venceu a batalha em Heracléia mas sofreu tantas perdas que, ao ser saudado por um oficial, retrucou: "Mais uma vitória como esta e estarei arruinado". A expressão vitória de Pirro integra a coletânea dos ditos populares e se usa sempre que se alcança um objetivo em que as desvantagens sobrepujam os benefícios.

Assim, se há vitórias que devem ser pranteadas há também derrotas que podem ser comemoradas. Os farroupilhas conseguiram, na pacificação, em 1845, um tratamento mais justo por parte da Coroa e, mesmo vencidos, não sofreram punições. Outras conquistas importantes e algumas vanguardistas: a dívida pública farroupilha foi assumida pelo Império, foram libertados os escravos que lutaram ao lado dos farrapos, as terras confiscadas foram devolvidas, os prisioneiros foram libertados e obteve-se autonomia para eleger o presidente da província.

Os farrapos não conseguiram instaurar a República. Mas o ideal foi semeado, contagiou outros movimentos Brasil afora, e ela veio em 1889.

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

ASSIM PENSAM OS NOSSOS FAZEDORES DE LEIS


Vai à sanção presidencial lei aprovada no Congresso que aumenta substancialmente a pena para a prática de abuso, maus-tratos, ferimento ou mutilação a cães e gatos. Será de reclusão, de dois a cinco anos, além de multa e proibição de guarda. 

A pena para quem privar ser humano de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado, é de reclusão, de um a três anos, quer dizer, bem menos grave. Para chegar ao nível da pena de maus tratos a cães e gatos é preciso (I) que a vítima seja ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do réu ou maior de 60 (sessenta) anos; (II) que o crime seja praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; (III) se a privação da liberdade durar mais de quinze dias; (IV) se o crime for praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; e (V) se o crime for praticado com fins libidinosos (Art. 148, § 1º, incisos I a V do Código Penal). 

Quer dizer:  se  alguém  sequestrar  um  idoso  sofrerá  a  mesma  pena  de   quem maltratar cães e gatos. A mesma não: não sofrerá pena de multa.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

E DÊ-LHE COMBUSTÍVEL...



Ao transpor uma lombada física você reduz a velocidade para 15 ou 20 km/h, pelo que observei por GPS no meu modo de dirigir.

Para retomar a velocidade normal é preciso acelerar quase como se estivesse arrancando.

domingo, 6 de setembro de 2020

MOTÉIS NOS PRESÍDIOS MARANHENSES


No Maranhão, o governador Flávio Dino constrói motéis nos presídios para que os presos possam gozar (ops!) livremente seus prazeres conjugais, não necessariamente com o cônjuge nem com pessoas do mesmo sexo.

Esses políticos precisam se conscientizar de quem comete um crime e é condenado à prisão, perde também alguns direitos qualificadores de sua cidadania, como de ir e vir, de votar (os provisoriamente presos, podem) e, principalmente, o de conviver em sociedade enquanto, em tese, não é solto. A visita íntima, concedida em alguns Estados, não expressa propriamente um direito e tem servido para desvios, como o mau uso pelos próprios presos e seus comparsas em liberdade, como mandar recados, chantagear, condenar e mandar executar inimigos.

Prender alguém e depois começar com abrandamentos de regras e permitir que o preso viva como se estivesse em liberdade, não está entre os objetivos da pena. Se assim for, melhor nem prender o que, aliás, é comum neste país da impunidade e de penas baixas e incondizentes com o mal praticado.

Pelo STF, inclusive, estaria todo mundo solto. Menos os que o criticam. 

ESSA PREVISÃO!


“Era Outono e os índios de uma reserva americana perguntaram ao novo chefe se o inverno iria ser muito rigoroso ou se, pelo contrário, poderia ser mais suave. Tratando-se de um chefe índio da "era moderna", ele não conseguia interpretar os sinais que lhe permitissem prever o tempo; no entanto, para não correr muitos riscos, disse:

"Sim! Poderá ser muito rigoroso. Devemos nos preparar e cortar lenha suficiente para aguentar um inverno muito frio!"

Como também era um líder prático e preocupado, alguns dias depois teve uma ideia. Dirigiu-se à cabine telefônica pública, ligou para o Serviço Meteorológico Nacional e perguntou:

"O próximo inverno vai ser frio?"

"Parece que este inverno vai ser muito frio" – respondeu o meteorologista de plantão.

O chefe voltou para o seu povo e mandou que cortassem ainda mais lenha. Uma semana mais tarde, voltou a telefonar para o Serviço Meteorológico:

"Vai ser um inverno muito frio?"

"Sim!" – responderam do outro lado – "O inverno vai ser mesmo muito frio!"

Mais uma vez, o chefe voltou para o seu povo e mandou que apanhassem toda a lenha que pudessem, sem desperdiçar sequer os pequenos gravetos. Duas semanas mais tarde voltou a falar com o Serviço Meteorológico Nacional:

"Vocês têm certeza que este inverno vai ser mesmo muito frio?"

"Certeza absoluta!" – respondeu o meteorologista – "Vai ser um dos invernos mais frios da História!"

"Como podem ter tanta certeza?" – perguntou o Chefe índio.

O meteorologista respondeu:

"É que os índios estão cortando lenha que nem uns doidos!"

É assim que funciona...”

sábado, 5 de setembro de 2020

VOCÊ ENTENDE A JUSTIÇA BRASILEIRA?


Não? Não se preocupe. Eu vivi 30 anos lá e também não entendo.

Aliás, estou entendendo cada vez menos.

Segurança Jurídica é apenas uma expressão idiomática de valor menor. Ou sem valor.

NO SUPREMO, A VERGONHA ANDA EM FALTA


Reclamam que o STF aprovou dia 12 um orçamento superior ao do ano passado em R$ 25.700.000,00. O total de R$ 712.400.000,00 equivale a 682.375,47 salários-mínimos. Para ganhar essa bufunfa um assalariado brasileiro teria que trabalhar 56.810 (cinquenta e seis mil e oitocentos e dez) anos. Parece pouco? Vá lá! São só 568 séculos.

Sejamos compreensivos com eles. Se não fosse a pandemia do vírus chinês o valor seria muito superior. Coitados! Reduzirão o consumo de lagosta e vinhos importados usados para realçar a pompa das “refeições institucionais” que o Tribunal de Contas da União liberou para eles.

Os supremos são muito conscientes e viram que o orçamento da União para o ano será menor e não querem se aproveitar e agravar a situação. Eles levam também muito em conta que Bolsonaro é o presidente da República. Jamais lesariam seu governo. Foi comparado a Hitler e chamado de genocida, mas isto é irrelevante. Eles amam Bolsonaro.

É bom deixar claro que nos dois últimos parágrafos tentei ser irônico. É bom fazer esse tipo de esclarecimento para evitar mal-entendidos. Porque se eles, por acaso, lerem isto, vão pensar que é elogio, graças a seus desvios interpretativos.

Agora falando sério: alguém acha que os supremos se avexam com críticas? Ah, ah, ah! Nos bastidores eles soltam brilhantes gargalhadas, batem-se nas costas e exclamam: “data venia, esse povinho é inocente e submisso. Salvo melhor juízo, podemos aprontar mais. AH! AH! AH!” – esse gargalhar é deles, dá pra perceber pelo brilhantismo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

A LAVAJATO NO FIM?


 

O GENOCÍDIO CAMBOJANO


 

MAIS SABE O DIABO...


 

POBREZA DE ESPÍRITO


 

O PROGRESSO E A CULTURA DO ATRASO


 

O PERIGO DAS DECISÕES MONOCRÁTICAS


 

O QUE DÁ UM ANALFABETO À FRENTE DE UMA REFORMA ORTOGRÁFICA

Eu fiquei meio ressabiado quando excluíram o trema (¨) da Língua Portuguesa que, aliás, estava em desuso social. Mas achei que iria dar problema. Ontem ouvi um repórter falando da distribuição “ecuitativa” da vacina contra o Covid, com ênfase na sílaba “cu”. Ele, certamente, queria dizer “equitativa” ou “eqüitativa" – nem lembro mais do certo.

Mas surgirão outras confusões. “Areia”, todo mundo sabe a pronúncia. Mas, e “ameia”? É como areia ou como ideia? “Amêia” ou “améia”. Por que “cadeia” se pronuncia “cadêia” e “azaleia” se pronuncia “azaléia”?

Talvez isto não queira dizer nada, mas para quem sempre procurou respeitar a Língua Portuguesa, dedicando-se a estudá-la e perceber sua beleza lógica, esses defeitos certamente não serão bem vindos.

Sem o acento diferencial, problemas surgirão com o passar do tempo, quando a memória oral for desvanecendo.

A última reforma de nosso idioma ocorreu no desgoverno Lula. Mas não adianta perguntar a ele. Ele, além de nunca saber nada, é analfabeto.