quinta-feira, 24 de setembro de 2020

MEA-CULPA DOS OUTROS!


 

Há uma conspiração mundial que quer me inculcar terríveis sentimentos de culpa. Se soubesse, teria dado meia volta quando era um veloz espermatozoide, sem problemas de fibrilação nem de coluna, e desistido de fecundar o óvulo de minha mãe naquela única corrida que venci na vida. Talvez tivesse nascido um outro eu mais calmo e não vocacionado a suportar complexos de culpa.

O Arnaldo Jabor, certa vez, falando de um crime que vitimou um menino, apontou o dedo para a minha cara e disse que eu era culpado. Não apenas eu, claro, mas todos os que assistiam ao Jornal da Globo naquela noite.

A Greta grita sem garbo que sou responsável pelo afano de sua infância e pelo efeito estufa e sempre aparece algum “especialista” conclamando a que eu faça a minha parte: tomar banhos curtos, fazer xixi durante o banho para economizar água da descarga, evitar o carro, não usar ar condicionado, respirar suavemente, pois o gás carbônico prejudica a camada de ozônio, e só peidar com prudência.

A gente luta a vida inteira para chegar à velhice e gozar de alguns luxinhos ausentes antes e especialistas travestidos de formadores de opinião nos transformam em réus.

Vão tomar nas culpas! Não participei de lucros de empresas poluidoras, não exerci ações nocivas à vida na Terra, nunca tive mira para matar um mísero passarinho na infância (só arranquei penas!), não provoquei essa pandemia nem seus efeitos e querem me responsabilizar pelo caos que outros causaram.

Deixem-me em paz. Dessa socialização estou fora. Não sou politicamente correto nem quero servir de exemplo para ninguém. Nem de bom nem de mau.

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