A
comemoração é de ambos os lados. Dos brasileiros cansados pela espera, não só
desses como de muitos casos que rolam e se enrolam nos escaninhos do Judiciário
do país(*),e também porque corruptos foram, até que enfim, condenados, como dos
próprios réus agora presos. Genoíno bradou “Viva o PT!” e Zé Dirceu entrou
sorrindo e erguendo os punhos como se tivesse comemorando uma vitória
eleitoral, ovacionado pela claque petista sempre de plantão para essas horas.
Não
condiz com o que ele disse depois: “Estou tranquilo, mas indignado”. Eu, que
sou fraco e mortal dos mais comuns, não conseguiria estar a um só tempo
tranquilo e indignado.
A
respeito desses fatos, estou tranquilo e nada indignado. Também não chego ao oposto
da euforia. Não é bom quando se comemora a prisão de qualquer réu.
Fui
juiz e sob minha responsabilidade muitos réus foram presos, dois deles a mais
de vinte e cinco anos de reclusão. Não senti alegria nem indignação ao
condená-los porque sempre achei que minhas sentenças foram justas, embora
tivesse a fama de “mão pesada”. Mas a prisão de alguém é sempre demonstração de
uma doença social.
Deve
ser um extremo do humanismo – a pieguice – que faz com que se sinta certa
piedade nada judiciosa daqueles que vão para a cadeia. Mesmo que tenha sido a
gente que mandou.
___________________________________
(*) Eu mesmo
tenho uma Ação de Execução contra a Companhia Federal de Seguros em Porto
Alegre, prestes a completar 10 anos de trâmite, que não termina pela vesguice judicial
– não disse jurídica – de juízes que o presidiram. Será que é verdade, como se
diz por lá, que os juízes estão nas mãos dos assessores? No meu tempo não era
assim.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dê o seu pitaco: