Não sei o que dizer do STF. Não sei o que é pior nele, a vontade
incomensurável de Gilmar Mendes de ser o supremo caga-regras, a síndrome da
biruta que desta vez incorporou na Carmem Lúcia ou a figura patética de um
Lewandowski inexpressivo e que é capaz de rir ou chorar sem alterar o
semblante.
Gilmar Mendes deveria se dar por impedido. Mas não. Nem ficou vermelho.
Fico pensando: como é que um magistrado tão arrojadamente parcial pode estar
julgando a parcialidade ou imparcialidade de outro magistrado? Ele é o
suprassumo da desonestidade jurídica.
Ele não foi juiz, foi advogado da defesa de Lula e nesse mister
conseguiu deixar Carmem Lúcia – ela recita poemas para suas plantas, lembram? –
bem à vontade para decidir como ele queria. Ele não a convenceu, impôs-se. Ela
foi medíocre restringindo a decisão ao caso em julgamento, sem estender seus
efeitos a outros casos semelhantes. Uma frase liquidaria o assunto, mas ela
precisou repetir diversas vezes, como se ainda não estivesse convencida do que
estava decidindo. Mas isentou Sérgio Moro do pagamento das custas da ação.
Freud explica.
Gilmar Mendes, depois, lacrimoso, só faltou chamar o advogado de Lula e
lhe oferecer o ombro para desabafo. Ou, ao contrário, pedir o ombro do advogado
para ele, Gilmar, poder chorar à vontade, de alegria, pela sensação do dever
cumprido. Aliás, com um ministro desses, Lula nem precisa de advogado. Está
pagando honorários à toa, se bem que não deve ser ele que paga. Vai ver, lá no
fundo, somos nós, contribuintes.
Você acredita na sua Suprema Corte? Não, não acredito. E é muito triste
não poder acreditar.