sexta-feira, 28 de maio de 2021

ESSA CPI!


“Quem diz o que quer ouve o que não quer”, um antigo adágio em voga ainda hoje e que muitos ignoram. Ele contém lições surpreendentes que, ao lado de outros da mesma linha, advertem que só é digno de ser dito o que é importante de ser ouvido. A não ser numa mesa de truco, ou dominó, regados os participantes de alguma caipirosa, em que vale tudo, até peidos. Mas no jogo de xadrez, por exemplo, e no de tênis, o silêncio é indispensável. Esse provérbio deveria ser plenamente observado nas CPIs. Mas não é!

Sou desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Durante mais de 20 anos ouvi testemunhas, réus e vítimas nos processos que analisei. Vejo, assombrado, o modo de inquirir pessoas na atual CPI. O desrespeito abunda. Além de observações absurdas, de ilações equivocadas e de demonstração inequívoca de que se pretende coagir e confundir testemunhas, com ameaças veladas de prisão, tais inquirições são um exemplo acabado de como não se conduz um depoimento. O absurdo dos absurdos ocorre quando querem que a testemunha prove sua inocência... A Constituição Federal estabelece a presunção de inocência até prova em contrário. Aquele que acusa é que deve provar a procedência da acusação. Hitler, seguramente, ficaria orgulhoso de contar com gente como Renan Calheiros e Omar Aziz nos quadros da Gestapo. Randolfe Rodrigues não seria aceito.

O Aziz disse que Pazuello mentiu e vai ser reconvocado. Uma besteira. Se ele mentiu, mentiu, e deve responder pela mentira, se provada por quem a alega. É idiotice repetir interrogatórios até que o interrogado diga o que o interrogador quer que ele diga. E é isto que ocorre. Não vale o que a testemunha diz, mas o que o senador pensa.

Eles sobem nas tamancas, dão de dedo no nariz dos que depõem, incorporam o espírito de Gilmar Mendes mas não conseguem o êxtase facinoroso dele. São menos brilhantes e mais paspalhões. E se acham gênios!

Se pudessem, certamente lançariam mão de tortura para obter uma confissão. Esse é o nível tornado público dos parlamentares inquisidores da CPI. Não sabem nada de Direito, de Sociologia nem de Política. São burros, esta é a melhor definição para eles. As portas da minha casa são mais esclarecidas que eles.  

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