Em tempos de crise como
a que estamos atravessando no Alto Vale, não existem privilegiados. Existem os
que perderam menos e os que perderam mais, mas, de um modo geral, todos foram
afetados pela catástrofe porque a paralisação do comércio, da indústria e dos
serviços atingem a todos, mesmo os que moram em locais não atingidos pelas
águas nem por deslizamentos.
Embora a Defesa Civil e
os órgãos públicos – o Exército está por aqui auxiliando com desenvoltura –
envidem todos os esforços possíveis visando minimizar o sofrimento, é óbvio que
não se consegue, num primeiro momento, atender talvez a nem 10% dos
necessitados. Somente com o escoamento das águas, permitindo acesso a lugares
remotos, é que esse atendimento atingirá seus objetivos.
É hora não de
intolerância, como manifestações aqui e ali, mas de união, de compreensão e
solidariedade. Não se pode caminhar com pedras nas mãos porque não há inimigo a
ser atingido, a não ser as aves de rapina contumazes que se aproveitam da
desgraça alheia para roubar – estou falando dos bandidos, absolutamente
facínoras, que cometem saques e invasões, mas para eles pedras é pouco. Mas os
que estão envolvidos nas atividades de socorro estão fazendo o máximo possível
para cumprir a difícil missão de atender aos reclamos dos flagelados, ou seja
lá como se os classifique. São uma minoria pois a maioria foi atingida e, por
isto, não conseguirão atender a todos, a não ser com o passar dos dias.
Não adianta, nestas
circunstâncias, conhecer 100% da cidade de Rio do Sul se 95% dela está inacessível.
Não se pode exigir que os serviços de socorro desempenhem suas funções como se
tudo o que estivesse inacessível aos atingidos estivesse disponível, ainda que
parcialmente, aos socorristas. É muito mais difícil, nestas circunstâncias,
agir, do que esperar. E mesmo os que esperam devem, por força própria, tentar
minimizar seus sofrimentos enquanto o socorro não chega, embora às vezes isto
se torne difícil, quase impossível.
Recentemente o furacão
Irene atingiu a Costa Leste dos Estados Unidos e deixou prejuízos de mais de
três milhões de euros. O pior, e o que interessa aqui, é que houve 43 mortes e
um desaparecido, só nos EUA. E este país, familiarizado com esse tipo de
cataclismo, dispõe de uma estrutura de atendimento superior e altamente
especializada. Mas não pôde evitar essas mortes.
Não é hora, por isto, de
eleger culpados.
Por que há um outro tipo
de ave de rapina que atua com desenvoltura nessas ocasiões: os oportunistas,
que fazem demagogia criticando a Prefeitura e a Defesa Civil procurando, pelo
que me foi dado perceber, dividendos eleitorais com isto ou, pelo menos,
criticando por apenas criticar porque esta é a atividade mais fácil a se
exercer em ocasiões como esta.
O homem não domina as
grandes agressões da Natureza, como tufões, furacões, raios, tempestades,
cheias, deslizamentos... Por isto, se tivermos que eleger algum culpado, é a
própria Natureza que é assim porque é de sua natureza (desculpem a redundância)
ser assim. Ao homem, em sua limitada atuação, só cabe tentar minimizar, nos limites
de sua capacidade, os resultados danosos. Há milhares de anos a humanidade vem
sobrevivendo deste jeito e é nisto que reside a sua força de atravessar
milênios rumo ao futuro.
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