Estou retornando de uma
curtíssima viagem à Europa, para onde fui menos por turismo e mais para visitar
meu filho, que mora em Karlsruhe, na Alemanha.
Karlsruhe é uma cidade de 300.000
habitantes e está de cabeça para baixo, desfigurada, em virtude das obras do
metrô. Isto mesmo, uma cidade com 300.000 almas terá metrô subterrâneo para
facilitar o transporte urbano. A Grande Porto Alegre, com seus 4.000.000, conta
apenas com um trem de superfície, menos seguro, mais lento e de trajeto
proporcionalmente curto.
Curioso, descobri o seguinte: o
metrô de Karlsruhe estava previsto para implantação em 2030. Entretanto, num
curto espaço de tempo houve dois atropelamentos de idosos por bondes (Strassenbahn) da cidade e o Conselho Municipal se
reuniu em busca de soluções. E chegou-se à conclusão de que o melhor seria
antecipar a implantação do metrô para 2016. E as obras iniciaram e certamente
serão concluídas no prazo.
Fico pensando nas cidades semelhantes
do Brasil e no seu trânsito caótico. Em situação como esta, nada seria feito. Dois
idosos atropelados em uma cidade do Brasil, em cotejo com o número global de
acidentes de trânsito, é uma insignificância. Aqui não se dá o devido valor à
vida.
Mas se, por exemplo, houvesse
atropelamentos de umas dez pessoas numa mesma região? Otimista, vejo o prefeito
preocupado, reunido com seu staff, em busca de solução. E já antecipo qual
seria: a implantação de lombadas físicas e/ou eletrônicas. É assim que se
expressa a nossa criatividade. Assim é que pretendemos melhorar as condições de
tráfego urbano no Brasil. Inutilmente, pois se lombadas resolvessem os
problemas o Brasil seria o país de trânsito mais tranquilo do mundo...
Aliás, caminhei, e bastante,
por duas cidades austríacas (Viena e Salzburgo) e por uma alemã (Karlsruhe).
Não vi uma única lombada física nem eletrônica. Os alemães riem dessas coisas. Mas
eles não têm senso de humor e os “ichpertos” somos nós.
Adendo: Segundo
a Veja 2333, de 07/08/2013: “Na Alemanha, as mortes em acidentes de trânsito
caíram 81% nos últimos quarenta anos, e o governo tem como meta fechar um ano
inteiro sem nenhuma vítima fatal”.
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Prezado Ilton, que bom "revê-lo"! Perdemos o contato tão proveitoso, onde conversávamos muito sobre música clássica, Mozart especificamente.
ResponderExcluirQue bom reler o seu blog e encontrar artigos tão agradáveis... no que diz respeito a esse assunto, recentemente estive em Gramado. Por lá ousa-se atravessar a rua sem auxílio de semáforos. Eu, um sobrevivente do trânsito rio-pretense, me encantei com a disciplina dos motoristas, ainda que tenha exceções, mas a experiência foi boa. Como é caminhar por Viena e Salzburgo? Chega-se fácil aos pontos turísticos? Grande abraço e saudações cordiais.