quarta-feira, 29 de julho de 2020

HÁ JUÍZES EM BERLIM, DIGO, EM BRASÍLIA?



Conta-se que em 1745 o rei Frederico II, da Prússia, após construir seu castelo em Potsdam, percebeu que um moinho velho atrapalhava a paisagem. Ordenou, por isto, sua demolição, mas o moleiro discordou. O rei quis impor sua autoridade com o tradicional ”eu sou o rei e ordenei a destruição do moinho!”, mas a ameaça não surtiu efeito. O soberano argumentou: “você não entende que eu sou o rei e posso, com minha autoridade, confiscar sua fazenda, sem indenização?” O moleiro respondeu, decidido a lutar pelos seus direitos: “Vossa Alteza é que não entendeu. "Il y a des juges à Berlin" (Há juízes em Berlim)”. Esta afirmação ficou famosa e é muito utilizada nos anais forenses.
Os magistrados brasileiros estão seguindo o mau exemplo do STF. Julgam-se oniscientes, previdentes, sapientíssimos, videntes e acima de tudo, sábios. Conseguem decidir sobre fatos futuros e incertos. Deferem cautelares liminarmente, sem análise correta do conteúdo do pedido e ainda sem qualquer prova produzida. Tudo com base no achismo.
O Supremo é um desastre. No caso referido, ele usaria sua megalomania e reuniria numa só pessoa o moleiro, o rei e os juízes que julgariam a ação. Seria vítima, réu e julgador. Usando fórmulas impossíveis da alquimia medieval. O STF é bruxo.
Na Alemanha de 1745 a Justiça era imparcial e o povo acreditava nela. No Brasil de hoje, infelizmente, não se pode afirmar com segurança que há juízes em Brasília.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê o seu pitaco: