Conta-se que em 1745 o rei Frederico II, da Prússia,
após construir seu castelo em Potsdam, percebeu que um moinho velho atrapalhava
a paisagem. Ordenou, por isto, sua demolição, mas o moleiro discordou. O rei
quis impor sua autoridade com o tradicional ”eu sou o rei e ordenei a
destruição do moinho!”, mas a ameaça não surtiu efeito. O soberano argumentou:
“você não entende que eu sou o rei e posso, com minha autoridade, confiscar
sua fazenda, sem indenização?” O moleiro
respondeu, decidido a lutar pelos seus direitos: “Vossa Alteza é que não
entendeu. "Il y a des juges à Berlin" (Há juízes em Berlim)”. Esta
afirmação ficou famosa e é muito utilizada nos anais forenses.
Os
magistrados brasileiros estão seguindo o mau exemplo do STF. Julgam-se
oniscientes, previdentes, sapientíssimos, videntes e acima de tudo, sábios.
Conseguem decidir sobre fatos futuros e incertos. Deferem cautelares
liminarmente, sem análise correta do conteúdo do pedido e ainda sem qualquer
prova produzida. Tudo com base no achismo.
O Supremo é um desastre. No caso referido, ele usaria
sua megalomania e reuniria numa só pessoa o moleiro, o rei e os juízes que
julgariam a ação. Seria vítima, réu e julgador. Usando fórmulas impossíveis da
alquimia medieval. O STF é bruxo.
Na Alemanha de 1745 a Justiça era imparcial e o povo
acreditava nela. No Brasil de hoje, infelizmente, não se pode afirmar com
segurança que há juízes em Brasília.
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