sexta-feira, 4 de junho de 2021

CPI DIVERTIDA


 

Na cópia do blog antigo anotei fato ocorrido em 25/05/2006, na CPI do Tráfico de Armas, na Câmara dos Deputados. O então deputado Arnaldo Faria de Sá, numa acareação entre duas pessoas, disse a uma delas, Sérgio W. Cunha, advogado, que a convivência com os chefões do crime organizado lhe ensinara bem a “malandragem” de não responder a perguntas. A reação foi automática e instintiva, talvez até inconsciente: “Aqui a gente aprende rápido”. A ratalhada ergueu-se, eriçada, nos pés de trás e o burburinho inundou o plenário. O advogado tentou negar que disse o “aqui”. Mas disse! E foi bem dito! Todos deveriam reagir assim a uma ofensa parlamentar gratuita e injusta. Mas...

Então o deputado Alberto Fraga (PFL-DF) pediu sua prisão por desacato, não sem antes ofendê-lo, chamando-o de bandido. O presidente da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE), mandou prender o advogado. A deputância, atarantada, sem recursos para defender a honra da casa, valeu-se de sua tirania e o deteve. Uma conduta arbitrária de quem provoca a reação e não tem presença de espírito de retrucar a não ser com prepotência. Ficaria mais bonito se os deputados caíssem em prantos e implorassem, em uníssono: “eu quero a minha mãe!”.

A representação dos deputados da CPI foi depois arquivada pelo juiz José Airton Aguiar Portela, da 12ª Vara do Distrito Federal, que acolheu parecer do MPF. Entendeu-se que as ofensas estavam “fora do contexto do interrogatório” e que “o advogado foi vítima de injúria e, por isso, reagiu à provocação mediante retorsão imediata”, isentando-o de pena.

O advogado anunciou que iria pedir indenização por danos morais e materiais na ordem de R$ 2 milhões pela ofensa. Não sei se o fez, mas a ação é cabível. Os parlamentares pensam que estão acima do bem e do mal e que devem ser respeitados e louvados até por suas cagadas. Mas estas, em termos de responsabilidade civil, respingam nos cofres do Estado. Eles dão causa a esse tipo de ação por suas trapalhadas e nós, contribuintes, é que arcaremos com o ônus, caso sejam procedentes.

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