quinta-feira, 9 de março de 2023

A PARADA "G" É UMA PARADA

 

Tenho a impressão de que certos segmentos sociais choram de barriga cheia. Os gays, por exemplo, que realizam dezenas de paradas por ano nas grandes cidades, fazendo festa com direito a ocupação de ruas, mudança de trânsito, segurança especial e, às vezes, verbas públicas.

O pretexto é legítimo: combater o preconceito. Mas, pelo que se vê meio de longe – não moro mais num grande centro – tal preconceito já não é tão intenso como foi e os gays dispõem de facilidades que nós, os gordos, por exemplo, não temos (só se formos gordos e, além disto, gays).

        Há algum tempo uma reportagem televisiva demonstrou que o poder aquisitivo dos gays é maior do que o dos não-gays da mesma faixa etária. Ok. Isto não é privilégio. É resultado de atividade profissional, de dedicação, de trabalho muitas vezes duro (ops!) e sujeito a discriminações.

Quando alguém consegue algo por mérito, merece aplauso. Ao contrário da indicação ao STF, em que não há mérito algum. Há muito mais mérito em conseguir um bom emprego na iniciativa privada do que ser indicado ministro do STF.

Isto motivou o setor de turismo a promover eventos especificamente direcionados aos gays, visando lhes proporcionar maior prazer e, naturalmente, explorá-los.

Os gordos não choram de barriga cheia. Eles riem! Também somos uma tribo que consideram privilegiada. Um ex-presidiário semi-analfabeto, e que não pode se considerar magro, anda espalhando sandices gordofóbicas por aí: “Se produzimos alimentos demais nesse país e tem gente com fome, significa que alguém está comendo mais do que deveria para que o outro possa comer pouco. Significa que estamos desperdiçando alimento. Significa que alguma coisa está errada” (a eleição dele, por exemplo, foi muito errada).

Esse ex-presidiário já foi mais gordo e numa dieta de 2004 perdeu “12 litros”, segundo Millor Fernandes. Ele fez insinuações constrangedoras numa discussão com Ronaldão, em 2006, dizendo que diziam que ele era “gordo, gordo, gordo, gordo”. Ronaldão respondeu que também diziam que ele, o ex-presidiário, “bebia pra caramba!” Veja! Mais recentemente Rodrigo Maia chamou Bolsonaro de “gay” e Bolsonaro respondeu que Maia é “gordinho”. Por aí...

Só que no nosso caso não é fácil fazer denúncias, embora o preconceito exista, ah, se existe! Comover o pessoal e atraí-lo para a causa, é mais difícil ainda.   

Mesmo assim, visando mudar nosso infortúnio social, pensei em fazer como os gays: realizar paradas gordas ou de gordos. Mas há vários problemas.

Em primeiro lugar, necessitaríamos de muito espaço. Cem mil gays cabem, por exemplo, no Maracanã, pois para eles quando mais juntinho melhor. Melhor ainda, e dobra a capacidade, se sentarem no colo um do outro. Mas cem mil gordos precisam de pelo menos uns cinco maracanãs para que se sintam confortáveis, sem falta de ar, sem troca-troca de suores e com um bom espaço ao redor, pois gordo que se preza não caminha: balança e vai pra frente.

Haveria problemas também de “mobilidade”, pois as catracas dos ônibus são apertadas e muitos ficaríamos entalados. E como nos alimentaríamos? Manifestação não é greve de fome! Teríamos que deixar as ruas livres para a passagem de carretas com alimentos substanciosos. E guloseimas também, claro, que nenhum gordo é de ferro! Sem estas não dá! E ficaríamos apenas com as calçadas? Uma parada assim, pela calçada, não impressiona ninguém, é humilhante. Não dá pra encarar. Desisto!

Finalmente, embora alguns possam ler diferente, esclareço que só quis ser irônico, não preconceituoso. Sou gordo e não tenho nada contra gays, de qualquer sexo. Não sou gay. Mas talvez apenas porque ainda não encontrei o homem da minha vida (ai, ai, ai!).

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