Osório
Rodrigues, antes tempo larápio dos mais temidos que, mesmo ausente, sitiou
Inácio Branco na estufa de fumo do Lindo Lenzi, no Ribeirão Pequeno, e quase o
matou por desidratação; depois se corrompeu para o lado da lei e foi Delegado
de Pouso Redondo.
Numa
das carreiras na cancha reta do bairro da Raia, em Taió, achegou-se com oito
soldados pelas costas, pilchado à moda gaúcha, como era seu costume. Chicote
enrolado na mão, uma espada n. 12 do lado esquerdo do corpo e a justiça na
cintura – um .38 H.O. com cabo de madrepérola e gatilho mais doce que mel de
lichiguana.
Trouxe
um puro-sangue de 10 anos para desafiar a égua baia Princesa, do seu Luizinho,
carreirista de primeira, que há tempos não perdia uma...
Na
linha de chegada postou-se e com ele um fotógrafo confiável para retratar a
chegada dos animais. A um sinal, largada autorizada, se vieram os dois erguendo
poeira num tropel medonho. Chegaram empatados, talvez a Princesa na frente por
um beiço, mas Osório logo anunciou que seu puro-sangue vencera, exigindo o dinheiro
das apostas.
Apesar
da valentia de Osório um zum-zum se manifestou na plateia e seu Luizinho foi
conversar com ele, amigavelmente, em nome dos manifestantes. Osório argumentou que
a prova era o retrato batido pelo fotógrafo bem na horinha da chegada. A
vitória era do seu cavalo e pronto!
Pediram,
então, que a foto fosse revelada e mostrada, mas ele negou dizendo que
fotografia não mente e que a máquina era nova, confiável, sem possibilidade de
erro e indevassável (fosse lá o que isto quisesse dizer). E que o resultado
estava gravado nela e era impossível abri-la para pegar o negativo, pois este
seria velado e a prova prejudicada.
O
pessoal aos poucos se encorajou e a discussão recrudesceu, todos cercando
Osório, até que ele perdeu a paciência e mandou seus oito soldados prenderem os
que ali estavam, homens, mulheres e crianças, e que fossem levados para o potreiro
fechado de Maria Papuda, na Volta Grande.
Ainda
hoje tem uns 522 presos, 440 homens e 82 mulheres. Mas até amanhã pode mudar!
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