A frase acima, atribuída a Ruy Barbosa, exprime uma
verdade absoluta. Cabe ao Judiciário dar a última palavra em qualquer crise na
vida social, tanto privada quanto publicamente.
Esgotados os recursos, julgado o feito na 50ª Instância que é o STF, não
há mais o que fazer. Na maioria das vezes, então, os doutos declaram uma
brilhante prescrição da ação penal e tudo fica como se não tivesse ocorrido.
Nossos ministros são mágicos: excluem o tempo e seus fatos da realidade
jurídica nacional.
Mas o STF às vezes desvirtua servilmente sua autoridade.
No caso de Cesare Battisti decidiu pela extradição mas, ao fim, concedeu ao
presidente da República a palavra final. Os ministros gastaram dias no desfile pomposo
de suas vaidades e falsa erudição e fulminaram a própria decisão. Eu fiquei
envergonhado.
Antes da esculhambação democrática de Sarney, Collor, FHC,
Lula e Dilma, os juízes eram probos e confiáveis. E estudiosos. Dizem que Paulo
Brossard levava consigo, nas viagens, uma mala com livros de Direito
Constitucional para estudar nos hotéis. Se Gilmar Mendes que, segundo dizem,
viaja 12 vezes por mês a Portugal, às nossas custas, fizesse o mesmo, seria sem
dúvida o mais sábio e erudito de nossos juízes.
Para ingressar
na magistratura do Rio Grande do Sul, em 1982, os candidatos enfrentavam provas
escritas de Português, Conhecimentos Jurídicos e de prolação de sentenças Cível
e Criminal. Depois as provas orais, que chegavam quase a ser cruentas: abordavam
os principais ramos do Direito, em pontos sorteados pouco antes. Eram prestadas
tête-à-tête com um examinador... Depois, exames médicos. Para avaliar as
condições mentais do candidato, um teste psicológico e entrevista psiquiátrica.
O Tribunal pedia informações sobre a conduta dos advogados aos Juízes das
Comarcas em que atuavam.
Para
ser ministro do Supremo nada disto se exige, o que é um absurdíssimo contrassenso:
o juiz iniciante lá daquela Comarca no interior do país tinha que comprovar qualificação
emocional e profissional maior do que os nomeados para o STF. Por isto é que um
Toffoli está lá. Ele foi reprovado em dois concursos para juiz e está claro,
absolutamente claro pelo que vem fazendo, que não tem instrução jurídica nem condição
emocional de ser ministro do Supremo.
Se o
juiz do interior erra, o Tribunal repara. Mas se seis ministros erram, ninguém
pode fazer mais nada a não ser engolir em seco, sublimar a raiva e desejar uma
pronta alteração na composição do STF.
Ou
lutar por ela, como se faz nas ruas hoje em dia, rezando para que a luta não
seja inglória, pois não se pode contar com o apoio de quem deveria agir: Legislativo
e Judiciário formam um conluio inabalável e fechado na condução de suas
atribuições e de seus interesses.
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