A Gretinha histriônica viajou sentada no chão de um
trem na Alemanha, mas parece que não se incomodou. Mas a imprensa alemã e a brasileira,
como se vê da notícia (aqui),
preocuparam-se com a integridade física de sua ecológica bundinha, embora não
se tenha notícias de alguma escoriação ou assadura ou qualquer outro tipo de
lesão.
Talvez ela quisesse aprontar uma ceninha, mas quando se
divulgou que tinha assento na primeira classe, desconversou e chegou a elogiar
trens lotados – deve ser alguma transcendência ecológica, essa de viajar em
trens lotados.
A Greta-sem-infância é uma privilegiada. Vive num dos
países mais desenvolvidos do mundo. Dispõe de meios de transporte de primeira
qualidade, viaja com tudo pago, frequenta a escola se quiser e sem fazer
sacrifícios e está com o futuro garantido.
Em 1967 uma turma de rapazes e moças frequentávamos o curso
ginasial em Rio do Oeste, a uns 35 km de Taió. Viajávamos de ônibus diariamente,
ida e volta. A estrada era de chão batido, com pedras, buracos e curvas
traiçoeiras que o Pio (motorista) caprichava em fazer com pressa só para nos
ver cambalear. Quando o ônibus lotava cedíamos lugar aos adultos que iam
subindo no trajeto – por educação e obrigação, pois a empresa barateava as
passagens para nossos pais. Ficávamos a maior parte do tempo de pé,
sacolejando, cambaleando e segurando-nos como podíamos nas barras superiores
que para alguns eram muito altas. No inverno era muito frio e úmido e no verão
muito quente e poeirento, pois os ônibus não eram climatizados, como os trens
da Alemanha.
Só os que viveram naquela época podem avaliar o que é
viajar de ônibus, de pé, numa estrada de chão batido sempre mal conservada,
todos os dias cinco dias por semana. Levantámos pelas 5,00 horas, pois o ônibus
passava às 6,00, e voltávamos depois do meio-dia, vesgos de fome.
É bom dizer que não estou me queixando nem dizendo que
meus sonhos foram roubados por causa disso. Aliás, de certa forma era um
privilégio estudar em colégios tradicionais e conceituados. Escrevo apenas para
efeitos de comparação.
A Greta não sabe nada da vida e seus sacrifícios. Tudo
o que ela sabe é por ouvir dizer. Acho
que ela não tem capacidade nem de entender as coisas simples do Mundo. E mesmo
que tivesse viajado o tempo todo sentada, não teria sofrido muito. Talvez um
pouco, mas nada que um tubo de Hipoglós, aquela pomada fedorenta e grudenta de
antigamente, não pudesse resolver.
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