Uma discussão
aconteceu antes de Toffoli dar seu voto no processo da prisão após a segunda
instância (…). Em meio a um climão no plenário, o magistrado suspendeu a sessão
por dez minutos e, com o semblante tenso, seguiu para o Salão Branco. Lá,
sentou-se e começou a chorar, contaram interlocutores que presenciaram a cena.
O magistrado chegou a ameaçar não retomar o julgamento. Minutos depois, foi
consolado por uma das ministras, que o fez mudar de ideia e voltar ao plenário (aqui).
Por que Toffoli chorou? Não se sabe. Ele nada
esclareceu e sua assessoria negou tudo.
Não foi crise de consciência pela decisão que logo
anunciaria fulminando seu entendimento anterior e invertendo seu enfoque sobre
a prisão em segunda instância. Ao contrário, talvez ele se sentisse agradecido a Lula que o indicou ao STF e podia finalmente anunciá-lo à nação
brasileira. Ele é incapaz de disfarçar sua idolatria pela esquerda.
Foi de alegria, diante dessa possibilidade? Não sei.
Ele estava tenso. O choro de alegria é aquele que lava a alma diante de um fato
alvissareiro e nem sempre esperado. Ali, tudo era previsível. Até a indignidade.
Foi o choro da criança mimada em seguida a uma
discussão com seus pares? Difícil de acreditar. Após anos de tribunal ele já
está calejado, o couro grosso de alfinetadas e de achincalhes grosseiros de,
por exemplo, um Gilmar Mendes. Já deve ter erguido defesas contra isto. Mas
pode ser o caso, tanto que foi socorrido pela mamãe travestida de ministra.
Ou foi uma antevisão da suprema defecada federal que
iria sacramentar e que iria livrar Lula e mais aproximadamente outros 4.500
larápios? Talvez sim. É difícil saber.
Não há nada que desabone a dignidade de um homem que
chora, independentemente de sua corporatura. Juiz também pode chorar. Se
Romário, Pelé e até Alexandre Frota já choraram diante das telas da TV, por que
Toffoli não poderia?
Mas há um diferencial. O choro de Toffoli jorrou num julgamento encenado, mostra fragilidade emocional, despreparo, conflito
interno e, sem dúvida, sinaliza parcialidade. Juiz não pode chorar em
razão do conteúdo processual, por mais tocante que seja, ou da qualificação das
partes, mesmo que sejam as almas mais puras do Universo, pois não é isto que se
julga num processo. Esse tipo de malícia é tudo o que se deve criticar em
um magistrado.
Mas... e se foi de medo das consequências de seu
veredicto? Então estamos enrascados. Essa é a pior das possibilidades: no dia em que os juízes tiverem medo, nenhum
cidadão poderá dormir tranquilo (Eduardo Couture).
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