Há alguns anos, numa das discussões sobre o
teto salarial do Judiciário, foi referida por uns poucos magistrados a
possibilidade de greve. Houve uma unanimidade estrondosa em contrário: um poder
do Estado não pode entrar em greve! Concordo!
Mas como denominar a atitude dos congressistas
que se recusam a votar assuntos importantes enquanto não houver liberação de
emendas para despejo em suas bases eleitorais? Que engavetam pedidos de
impeachment de ministros do Supremo, que deixam caducar medidas provisórias do
Executivo, que obstruem as sessões, enfim, que deixam de trabalhar quando são
pagos regiamente para isto?
Greve, como visto, não é. Um Poder do Estado não
pode fazer greve e eles deixaram isto claro no caso que referi no início. Mas é
uma violência moral e é contra o povo, não contra o Governo Federal. Este é o
refém. Bem de longe, há semelhança com a figura do “sequestro”.
Interessante como o assunto é tratado na
Imprensa. Tudo parece normal. A conduta dos congressistas não sofre críticas, é
noticiada aqui e ali e há quem defenda generosamente a posição deles, como o
Professor Villa, que considera que isto “faz parte do jogo democrático”. Que
jogo?
No tempo em que os bois não tocavam lira e os
asnos não dançavam (Umberto Eco, “O Nome da Rosa”) isto seria um escândalo.
Hoje não. Hoje integra o elenco das ladinagens do sistema democrático
brasileiro.
Quem paga o pato do pacto de não votação somos
nós, que sofremos pela não implementação de medidas do Executivo que poderiam
melhorar nossa vida. Por exemplo: por que a reforma da Previdência não foi
votada já no Governo Temer, o que nos teria poupado tempo e propiciado passos
mais rápidos rumo à normalização? Por que os congressistas estão enrolando na
votação da PEC da segunda instância? Por que Malvado e Maldoso (Maia e Algolúgubre)
têm tanta força e permite-se que ajam como reizinhos reinentos?
Pena que o Sílvio Santos nunca se candidatou a
presidente. Eu votaria nele. Ele teria muito mais cacife – em todos os sentidos
– para organizar e controlar o “Topa Tudo Por Dinheiro” que se encena em nosso
Legislativo.
E o pior é que uma boa parte da grande imprensa fica elogiando e babando nos ovos desses dois meliantes...
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