sábado, 8 de fevereiro de 2020

QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA

Ontem revi Poltergeist, O Fenômeno, aquele filme de terror do Spielberg, e tive a impressão de que assistia a uma comédia sem graça.
Esse é um dos males de se viver no Brasil. Nossa situação social e política é tão terrificante e sobrenatural que um filme de terror não assusta mais ninguém.
Não lembrava de detalhes porque o vira há anos. Mas sabia que a casa da família assediada por espíritos fora erguida sobre um cemitério.
Não sei por que só depois da casa construída e de a família nela residir há algum tempo é que os mortos se revoltaram. Spielberg também não explica como é que os fundamentos da casa puderam ser lançados sobre um cemitério com mortos enterrados a sete palmos quando se sabe que micro-estacas ou pilares geralmente exigem acomodação bem mais profunda. Mas isto deixa prá lá.
O filme começa com o The Star Spangled Banner, hino dos Estados Unidos. Logo a menininha, Carol Anne, invoca espíritos que aparecem invisivelmente na telinha. Mais tarde é tragada por eles e a tevê passa a ser o meio de comunicação entre ela e seus desesperados pais, que se valem de uma parapsicóloga e seus assistentes e depois de uma clarividente para puxá-la de volta com uma prosaica corda.
Numa das últimas cenas o pai coloca a televisão na rua. Depois de tantos infortúnios era a melhor coisa que poderia fazer.
Talvez seja essa mesmo a mensagem do filme. A televisão não presta nem para crianças nem para adultos. É algo terrível e, a seu modo, aterrorizante. Transmite horrores como Pânico, Faustão, Fátima Bernardes, Zorra Total, por aí afora. Stanislaw Ponte Preta dizia que é uma máquina de fazer doidos.
No caso do filme, uma máquina de transmitir mensagens de espíritos insanos do lado de lá para o nosso lado de cá. O que, no fim das contas, é a mesma coisa.

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