segunda-feira, 8 de junho de 2020

A VELOCIDADE É MAIS IMPORTANTE QUE O VOTO

Meu amigo Davi Castiel Menda me indicou, em 2007, o filme “Candidato Aloprado”, de Barry Levinson, sobre uma hipotética eleição presidencial nos EUA.
Um comediante, Tom Robbs (Robin Williams), candidatou-se por brincadeira à presidência dos EUA. As pesquisas apontavam empate técnico entre o democrata Kellogg e o republicano Mills, sem chance para ele, cuja média na preferência era de 17%.
A votação foi por urnas eletrônicas mais confiáveis que as nossas porque mais modernas. Por coincidência, não imprimiam os votos. O slogan da fabricante Delacroy era “Facilidade, Velocidade, Precisão”.
A analista Eleanor Green (Laura Linney) tinha no íntimo a sensação intuitiva que às vezes ataca o mais comum dos mortais diante da obra acabada: “está tudo certo, mas sinto que há alguma coisa errada”.
Acreditando que “o importante é o voto, não a praticidade”, fez simulações, percebeu uma falha capaz de alterar o resultado do pleito e informou o presidente da empresa. As eleições estavam próximas, sem tempo para correções. Reconhecer o erro implicaria na queda das ações e na quebra da Delacroy. Ele mentiu que o defeito fora sanado e “torceu para o problema desaparecer”.
O comediante Dobbs foi eleito. A analista aprofundou os testes e descobriu que as letras dobradas nos nomes dos candidatos confundiam o sistema. No caso, os “bb” de Robbs, na ordem alfabética anteriores aos “gg” e aos “ll” de Kellogg e aos “ll” Mills, direcionavam votos ao comediante na proporção de três por um.
O filme escancara a insegurança do voto eletrônico e a possibilidade de falhas. Qualquer semelhança não é mera coincidência. A urna brasileira está longe de ser inexpugnável. A segurança que ela representa é falsa. É possível, sim, que mal intencionados insiram comandos indevidos nas urnas e mudem resultados de eleições. 
Os políticos, salvo exceções, não se preocupam com a vulnerabilidade da urna. A Imprensa, idem. A Justiça Eleitoral, muito menos: sua preocupação é manter a própria credibilidade a todo preço e tem impedido auditoria externa. Enquanto nada de errado se provar mantém-se íntegra, embora falsamente, a crença na lisura do processo eleitoral. O certo é mensurado pelo que sai da urna e não pelo que entra. 

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