Meu
amigo Davi Castiel Menda me indicou, em 2007, o filme “Candidato Aloprado”, de Barry Levinson, sobre uma hipotética eleição
presidencial nos EUA.
Um
comediante, Tom Robbs (Robin Williams), candidatou-se por brincadeira à
presidência dos EUA. As pesquisas apontavam empate técnico entre o democrata
Kellogg e o republicano Mills, sem chance para ele, cuja média na preferência
era de 17%.
A
votação foi por urnas eletrônicas mais confiáveis que as nossas porque mais
modernas. Por coincidência, não imprimiam os votos. O slogan da fabricante Delacroy
era “Facilidade, Velocidade, Precisão”.
A
analista Eleanor Green (Laura Linney) tinha no íntimo a sensação intuitiva que
às vezes ataca o mais comum dos mortais diante da obra acabada: “está tudo certo, mas sinto que há alguma
coisa errada”.
Acreditando
que “o importante é o voto, não a praticidade”,
fez simulações, percebeu uma falha capaz de alterar o resultado do pleito e informou
o presidente da empresa. As eleições estavam próximas, sem tempo para correções.
Reconhecer o erro implicaria na queda das ações e na quebra da Delacroy. Ele mentiu
que o defeito fora sanado e “torceu para
o problema desaparecer”.
O
comediante Dobbs foi eleito. A analista aprofundou os testes e descobriu que as
letras dobradas nos nomes dos candidatos confundiam o sistema. No caso, os “bb” de Robbs, na ordem alfabética
anteriores aos “gg” e aos “ll” de Kellogg e aos “ll” Mills, direcionavam votos ao
comediante na proporção de três por um.
O
filme escancara a insegurança do voto eletrônico e a possibilidade de falhas. Qualquer
semelhança não é mera coincidência. A urna brasileira está longe de ser
inexpugnável. A segurança que ela representa é falsa. É possível, sim, que mal
intencionados insiram comandos indevidos nas urnas e mudem resultados de
eleições.
Os políticos, salvo
exceções, não se preocupam com a vulnerabilidade da urna. A Imprensa, idem. A
Justiça Eleitoral, muito menos: sua preocupação é manter a própria
credibilidade a todo preço e tem impedido auditoria externa. Enquanto nada
de errado se provar mantém-se íntegra, embora falsamente, a crença na lisura do
processo eleitoral. O certo é mensurado pelo que sai da urna e não pelo que
entra.
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