A pandemia nos colocou em condições de igualdade
social, sem discriminação de raça, religião ou preferência sexual.
Alguns, como os presos – exceto aqueles que foram
soltos por estapafúrdias decisões judiciais –, têm seus direitos mais bem
defendidos que os mortais que se limitam a cumprir suas obrigações. Isto é
explicável. Estão bem guardados, pelo menos teoricamente, e por isto têm
segurança absoluta. Até gostariam que ela fosse
mais frouxa para escapulir e se juntar à insegurança nossa de todos os dias.
Nós, aqui fora, desprotegidos e temerosos, clamamos por segurança.
Eles
têm assistência médica também, com enfermarias particulares. Talvez não sejam
modelares, se comparadas com hospitais do primeiro mundo. Mas seguramente é
muito mais acessível que os consultórios do sistema público. Eles não enfrentam
filas, não precisam sair de madrugada em busca de senhas nem comprá-las de
atravessadores. É dever do Estado alcançar-lhes tratamento médico e se algum
deles morrer por falta dele o Estado terá que indenizar a família, inclusive
por danos morais.
Nós, aqui fora, não merecemos a mesma proteção. Morrer
por falta de atendimento, fora das prisões, é um fato da vida e o Estado não
está obrigado a indenizar. A Previdência alcança aos familiares um minguado
auxílio funeral, que mal dá para comprar um caixão de segunda, e pronto.
Eles fazem – estou falando dos presos – três ou quatro
refeições diárias. Pelo menos duas delas devem conter uma porção de carne. Eles
são bem alimentados e isto também é um direito humano. Só que, aqui fora, é
privilegiado quem goza desse mesmo direito.
Enfim, como disse no título: alguns têm mais direitos
humanos do que os humanos direitos (esta frase não é minha, mas vem bem a
calhar).
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