sexta-feira, 1 de abril de 2022

A TRAVESSIA DE CASSANDRA


Imagine-se num trem transcontinental com mais uns mil passageiros, que sai de Genebra, na Suíça, para atravessar Basel, Paris, Bruxelas, Amsterdã, Copenhague e chegar a Estocolmo, na Suécia.

Após a partida descobre-se que no seu interior há um terrorista sueco contaminado com uma bactéria mortal e altamente contagiosa, que ataca principalmente os pulmões (semelhança? Mera coincidência). Os passageiros estão em risco. O terrorista atuara num atentado frustrado contra uma posse militar americana e por isto o coronel da Inteligência Militar dos EUA, Stephen Mackenzie, assume a crise. É auxiliado pela especialista sueca em patologias Elena Stradner.

A retórica americana: “Evitar o pânico. Não existe antissoro. A bactéria se espalha por minúsculas gotas. Os primeiros sintomas são iguais aos de um resfriado comum. É preciso controlar os passageiros. Todos estão indo para uma estação de tratamento na Polônia”. A estratégia é enganar o grupo de risco. Direitos básicos, principalmente a liberdade, foram suprimidos.

O trem é desviado para uma ferrovia em desuso na Polônia parando antes em Nuremberg, onde é lacrado e os passageiros confinados, para “proteger a humanidade”. Os “lacradores” recebem ordens de matar prontamente quem tentar fugir. O desvio leva a uma ponte velha – e não a uma estação de tratamento na Polônia – que desabará com a passagem, matando os passageiros. A humanidade estará salva.

No trem viaja um “brilhante neurocirurgião”, Jonathan Chamberlain, que recebe as informações do coronel americano e coordena as ações internas. Ele é inicialmente ludibriado, mas percebe a maracutaia e a exata intenção americana. Então tentará salvar os passageiros e se transforma em alguém que, hoje, seria chamado de “negacionista”.

O filme “A Travessia de Cassandra”, dirigido por George P. Cosmatos, é de 1976, estrelado por atrizes e atores de renome na época, e demonstra que, de certa forma, a humanidade é a mesma. Não evoluiu espiritualmente, apenas tecnologicamente. A arte copia a vida e a vida copia a arte.


 

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