terça-feira, 17 de novembro de 2009

LIRA DO POVO

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Quem aprecia uma boa música, brasileira, de raiz, sem concessões comercialescas, límpida e cristalina, sem apelação, bem interpretada e extremamente agradável, não pode deixar de ouvir o cd "Lira do Povo", de Kátya Teixeira (seu site está entre os meus indicados desde o início do blog). Adquiri e ouvi. Várias vezes.

Ele não é só música. É um documento histórico importante e comovente, com manifestações populares e folclóricas de extremo bom gosto e sensibilidade. É universal no canto de várias aldeias – inclusive do primevo habitante desta terra – e há lugar garantido para ele em nosso meio cultural.

Para os que estão saturados de tchans, pagodes e de outras manifestações efêmeras da pseudomúsica em que se valoriza mais a bunda das dançarinas acompanhantes do que a qualidade da obra de arte, é uma alternativa sem precedentes.

A capa do cd, fora do convencional, também é primorosa: ele não vem naquelas caixinhas de plástico, mas num álbum que se desdobra em três partes, de papelão reciclado. As folhas do livreto vêm atadas artesanalmente, com vime.

Ouvi (e vi) Kátya Teixeira num programa – se não me engano Balaio Brasil, da Rede Senac – há alguns meses, e fiquei impressionado. Foi no lançamento do cd Katxerê que, infelizmente, está esgotado. Na época enviei e-mails a todos os meus contatos mais ou menos com o teor desta mensagem.

Ela esteve, há alguns anos, aqui pelo Sul recolhendo material para o disco. Só daí já se vê a seriedade do trabalho. Artistas desse naipe devem ser valorizados.

Ela esclareceu num e-mail: “em minha breve passagem pela Barra da Lagoa e Lagoa da Conceição, das histórias que ouvi surgiu uma canção – Nas Teias da Renda – que está no primeiro cd, Katxerê”.

No site, há faixas deste cd que podem ser ouvidas via Internet e delas é possível visualizar a qualidade da obra.

Sobre o lançamento de agora é ainda ela quem afirma: “O cd Lira do Povo faz parte de uma trilogia que quero realizar, sendo que os outros dois só de cantos de trabalho e cantos religiosos e acredito que o Sul tem muito a oferecer”.




Publicadado no Jus Sperniandi, do autor, no Uol,
em 11/07/2004.
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