Há uns dois anos eu
vinha de Blumenau – quando farei isto novamente? – e próximo a Apiúna parei
numa tenda para comprar um balaio. O vendedor, um senhor já de certa idade, me
fez propaganda de todos, mas especialmente em relação a um, ele disse:
– Esse aqui o
senhor pode levar sossegado que ele dura uns 40 ou 50 anos.
– Mas daí eu vou
ter que deixar de herança! – respondi, brincando.
Nós rimos e comprei
o balaio.
Isto para dizer que
na vida de alguém avançado na idade, 40 ou 50 anos é um tempo inalcançável. O
tempo que me resta pela frente é bem menor do que aquele que deixei para trás.
E que por isto tenho ânsias, pressas e vontades de ver meus netos, brincar com
eles, deixar eles me fazerem de gato e sapato até onde eu aguentar; de viajar
novamente para a Alemanha, principalmente agora, diante da perspectiva de que
lá há uma netinha a caminho – e corro o risco de nunca mais pode fazer isto.
Porque o importante
é ficar em casa, em casa. Parece que nem ao quintal podemos ir. Impedem-nos até
de nos imunizar pelo contágio. Eu preferiria me contaminar, me curar e voejar
por aí. Sei! Sou do grupo de risco. Mas a vida é risco. A vida não é feita para
o exercício de covardias.
Não quero ver o
resto da minha vida simplesmente passando pela janela.
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